O Primeiro Automóvel do Maranhão

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  Atualizado em 17/04/2013
 


A História do Primeiro Automóvel de São Luís - Maranhão


Era novembro de 1905, quando Joaquim Moreira Alves dos Santos Sarney, Nhozinho Santos (ele mesmo, o do estádio) como era chamado pela família e pelos amigos, trouxe da Inglaterra o primeiro automóvel com motor a explosão que trafegou pelas ruas e ladeiras de São Luís.

Circulando a notícia do que se encontrava a bordo do navio surto no ancoradouro da Beira-Mar, a maioria dos ludovicenses acorreu àquele logradouro para assistir o desembarque da grande maravilha tecnológica surgida na Europa no final do século XIX. O automobile, em português brasileiro, automóvel.

Esse automóvel era um Speedwell, fabricação inglesa, modelo Phaeton (un open touring car ou um carro descapotável para passeio), de quatro lugares, equipado com motor De Dion Boutton, monocilíndrico, de 16 HP, a gasolina. O veículo estava acondicionado em duas caixas de madeira. Uma com o chassi e a outra com a carroceria.

Concluída a montagem do carro no próprio navio, o Capitão dos Portos proibiu terminantemente o desembarque, sob a alegação de que não havendo ninguém habilitado para conduzir essa máquina, vários acidentes poderiam ocorrer.

O que fez Nhozinho Santos? Apresentou àquela autoridade, três “Carteiras de Chauffeur” resultantes da sua aprovação nos exames que prestara em Portugal, França e Inglaterra.

Revogada a ordem, já estando o carro no cais, Nhozinho Santos assumiu ao volante, deu partida no motor e seguiu pelas ruas da Praia Grande. Comerciantes e empregados dos armazéns deixaram seus afazeres e sob aplausos, saudavam a passagem daquela “carruagem sem cavalos”.

Otaciano (Otácio) Machado da Silva e Sebastião Raimundo dos Santos, funcionários da Fabril, foram selecionados pelo patrão Nhozinho Santos para aprender com ele a dirigir um automóvel.

Nhozinho Santos estudou em Portugal e na Inglaterra, formando-se Técnico em indústria têxtil na cidade de Liverpool. Em São Luís recebeu o título honorífico de coronel da Guarda Nacional. Foi cônsul dos Estados Unidos, comerciante e industrial de expressão. Assumiu a direção dos negócios da família em virtude do falecimento prematuro de seu pai, o emigrante português Crispim Alves dos Santos, único proprietário da Fabril a partir de 1896, titular da casa comercial Crispim Santos & Cia., diretor e principal acionista do Banco Comercial e Hipotecário do Maranhão e da Companhia de Seguros Maranhense, co-fundador da Companhia Telefônica do Maranhão, vice-presidente da Associação Comercial do Maranhão, procurador e benfeitor da Santa Casa de Misericórdia, vice-cônsul de Portugal e cônsul da república da Colômbia.

Fonte do Texto: Fernando Silva -Curiosidades Automobilísticas - www.bastidores3.com




 

Poucos entre os que vêem a cidade de São Luís atualmente tomada de veículos sabem a verdadeira saga destas máquinas em terras timbiras. Nesse sentido, transcrevo para o blog um artigo interessantíssimo da Revista Ventura, escrito por Fernando Silva, sobre o primeiro veículo importado para o Estado, ainda em 1905, pelo industrial Joaquim Moreira Alves dos Santos, o popular Nhozinho Santos (o Alessandro Martins da época kkk) que, entre essa e outras coisas, também foi responsável pela introdução do futebol no Maranhão. Mas isso é assunto para um outro artigo (Ramssés Silva). Eis o texto:

"O tempo era o do fraque e da cartola! Carruagens e tílburis circulavam pelas ruas de São Luís, conduzindo cavalheiros e circunspectos e damas de estirpe. Bondes puxados por parelhas de muares ligavam o centro da cidade à Madre Deus, aos Remédios e ao Caminho Grande. Locomotivas a vapor impulsionavam trens demandando a Vila do Anil. O Maranhão crescia e progredia. Na capital, funcionavam o serviço telefônico e a comunicação telegráfica via Cabo Submarino, o algodão liderava a pauta dos produtos de exportação, vapores singravam nossos rios transportando passageiros e mercadorias, “paquetes” aportavam no ancoradouro da Beira-Mar, as casas comerciais da Praia Grande vendiam ao mundo e compravam do mundo, e negociantes investiam na indústria. Em 1894, somente no setor têxtil, encontravam-se em funcionamento no Maranhão, doze fábricas, nove em São Luís, duas em Caxias e uma em Codó. 

Os ludovicenses freqüentavam a sorveteria de Adolpho Cohen na rua Formosa, o Café Riche, de Lino Moreira, a Praça de Touros no Anil, o Velódromo no Tivoli, o Hipódromo no Campo d’Ourique, as quermesses no Largo do Carmo e no Largo dos Remédios, os salões de dança do Clube Euterpe Maranhense e também assistiam a espetáculos de companhias estrangeiras no Theatro São Luís. O intercâmbio comercial e cultural, o recebimento de jornais, de revistas e da correspondência dos filhos que aprimoravam conhecimentos emPortugal, França, Inglaterra e Alemanha, mantinha a elite maranhense informada das novidades que afloravam no Velho Continente. As antigas, enormes e pesadas “carruagens sem cavalos”, movidas pelo barulhento e fumacento motor a vapor, (iguais àquela que Joaquim Nabuco de Araújo possuiu no Rio de Janeiro e foi destruída num abalroamento, quando dirigida por Olavo Bilac), estavam sendo substituídas por um veículo de carroceria leve, design moderno e motor a explosão de petróleo – invenção dos alemães Karl Benz e Gottlieb Daimler.

 

 

Surgia o “automobile”, em português, automóvel. No Brasil, o automóvel chegou na década de 90, do século XIX. Em 1891, em São Paulo, Alberto Santos Dumont passeava num Peugeot, motor de 3,5 HP, comprado por seu pai na Usina de Valentigney, na França. Em 1900, no Rio de Janeiro, o engenheiro Fernando Guerra Duval importou um Decauville. Naquele mesmo ano, José Henrique Lanat, industrial francês radicado em Salvador, recebeu um Clément. No Maranhão, o introdutor do automóvel foi nosso conterrâneo Joaquim Moreira Alves do Santos, o “Nhozinho Santos”, como era carinhosamente chamado pela família e pelos amigos. Em novembro de 1905, regressando à terra natal, formado técnico em indústria têxtil, na cidade de Liverpool – Inglaterra, “Nhozinho Santos” trouxe na bagagem a maravilha tecnológica da época: um automóvel inglês Speedwell, modelo Phaeton (um “open touring car” ou carro descapotável para passeio), de quatro lugares, motor De Dion Bouton, monocilíndrico, a gasolina.

Antevendo o sucesso que o automóvel faria em São Luís, tomou a iniciativa de ensinar alguns empregados da sua empresa Fabril, a dirigir. Os dois primeiros habilitados, Sebastião Raimundo dos Santos e Otaciano Pereira, tornaram-se chauffeurs profissionais, desempenhando aquela atividade até quando a idade permitiu. Sebastião foi proprietário de automóvel de praça, e seu último carro, um reluzente Mercury, cinza claro, ano 1951, fazia ponto no Posto Vitória. Otácio, nome com o qual Otaciano ficou conhecido, trajava impecável farda inseparável képi da mesma cor. Ao longo de muitos anos, foi motorista particular do industrialAdhemar Maia de Aguiar. À frota de quatro veículos, três automóveis e um auto-ônibus, então existente noprimeiro decênio do século XX, com o curso dos anos, incorporaram-se novos exemplares fabricados na Europa.

 

 

Em 1914, já havia uma empresa local explorando os serviços de aluguel de automóveis. Naquele ano, no dia 17 de abril, aconteceu o primeiro acidente de trânsito em São Luís. Um automóvel da firma Teixeira & Branco, conduzindo em seu interior o desembargador Bezerra de Menezes, descia com velocidade adequada a rua do Sol. Aproximando-se o veículo da rua dos Craveiros, surgiu repentinamente um menor correndo atrás de uma bola, e apesar da destreza do condutor, o atropelamento foi inevitável. A vítima faleceu no local. O motorista foi inocentado, contribuindo para esse ato de justiça o depoimento do passageiro e de pessoas que presenciaram a lamentável ocorrência. Naquela época, os candidatos a chauffeur amador e chauffeur profissional eram examinados por uma banca presidida pelo Intendente (Prefeito), tendo como membros Joaquim Moreira Alves dos Santos (Nhozinho Santos) e o engenheiro eletricista Antonio Nogueira Vinhais, sendo que os três examinadores assinavam as carteiras dos aprovados. Com a eclosão da 1ª Guerra Mundial, ficou prejudicada a importação de veículos europeus, surgindo a oportunidade para que os fabricantes da América do Norte colocassem aqui suas “máquinas’, conquistando o mercado. Em 1927, os entusiastas do automobilismo obtiveram permissão legal para organizar corridas de automóveis, e a praia do Olho d’Água foi o local escolhido para as disputas.

 

 

Das primeiras competições realizadas, em 21 de agosto, 18 de novembro e 4 de dezembro, apresentaram-se veículos das marcas Willys Knight, Buick,Overland Six, Chevrolet e Studebaker, entre outras. A maior velocidade foi de 110 quilômetros, desenvolvida por um Buick Master, motor de 6 cilindros e 70 HP, pilotado por Wilson Nova da Costa, que recebeu como prêmio uma medalha de ouro oferecida pelos concessionários J. Aguiar & Cia. As duas primeiras chauffeuses de São Luís, Maria José (Zezé) Jorge e sua irmã Gracinha Jorge Martins, em 1930 passeavam pela cidade dirigindo seus automóveis Bentley e Plymouth. Na década de 30, os veículos de maior representatividade eram o Bentley de Zezé Jorge, a limousine Buick Eight, carro oficial do interventor federal Paulo Ramos e a limousine conversível Fiat, de Gracinha Gândra Pereira. No pós-guerra destacaram-se os top de linha famosos como o Lincoln Continental, do industrial Alberto About, o Chryslerconversível, do médico Nunes Freire, e os Cadillacs “rabo de peixe” do industrial Eugênio Barros e do comerciante Paulo Abreu. O automóvel, outrora símbolo de status do seu proprietário, foi se transformando num indispensável meio de transporte para as famílias.

 


Depois de mais de 100 anos da chegada do primeiro automóvel ao Maranhão, circulam pelas ruas e avenidas de São Luís, segundo dados oficiais, mais de 200 milveículos. Joaquim Moreira Alves dos Santos, o “Nhozinho Santos”, além de ter sido o introdutor do automóvel no Maranhão, 
foi também pioneiro de muitas outras novidades. Era filho de Ana Joana Moreira Neta dos Santos e do imigrante português Crispim Alves dos Santos, então proprietário da Companhia Fabril Maranhense, de casa comercial na Praia Grande, principal acionista e diretor do Banco Hipotecário e Comercial do Maranhão, co-fundador da Companhia Telefônica do Maranhão, vice-presidente da Associação Comercial e vice-cônsul honorário de Portugal. Nhozinho Santos casou-se com Amália Carvalho Branco dos Santos, com quem teve seu primeiro filho, Crispim Alves dos Santos Neto. Enviuvando, contraiu segundas núpcias com Maria Sousa dos Santos (Dona Cotinha), nascendo José Sousa dos Santos, seu segundo filho. Com o falecimento prematuro do pai e, poucos anos depois, do seu tio, João Alves dos Santos, Nhozinho Santos assumiu a direção dos negócios da família, dirigindo todos os empreendimentos com largo descortino, até que, no final dos anos 20, desligou-se das empresas, transferiu a direção das mesmas aos seus irmãos Manuel (Maneco) e Antonio (Totó) e mudou-se para o Rio de Janeiro, onde residiu por muitos anos num enorme casarão na Rua Xavier da Silveira, no então elegante bairro de Copacabana, até o seu falecimento."

FOTO:
Gaudêncio Cunha; Nhozinho Santos em seu automóvel na Revista do Norte, 1905.
www.antyqua.com.br

FONTES:
Revista Ventura
Texto: Fernando Silva
www.comunidadelusobrasileirama.org.br
Ramssés Silva
https://saoluisemcena.blogspot.com

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