O que Jesus disse sobre Dízimo e Ofertas
Jesus mencionou dízimos e ofertas em alguns momentos durante seu ministério, especialmente em seus ensinamentos sobre a hipocrisia dos líderes religiosos e a verdadeira espiritualidade. Aqui estão alguns versículos em que Jesus abordou esses temas:
Lucas 11:42:
"Ai de vocês, fariseus, porque dão o dízimo da hortelã, da arruda e de todas as outras hortaliças, mas desprezam a justiça e o amor de Deus. Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas."
Jesus critica os fariseus e mestres da lei por sua hipocrisia em relação ao dízimo. Jesus não condena o ato de dar o dízimo, mas critica a negligência dos aspectos mais importantes da lei.
Marcos 12:41-44:
"Jesus sentou-se em frente ao lugar onde eram colocadas as contribuições e observava a multidão colocando dinheiro nas caixas de ofertas. Muitos ricos lançavam ali grandes quantias. Então, uma viúva pobre chegou-se e colocou duas pequeninas moedas de cobre, de muito pouco valor. Chamando a si os seus discípulos, Jesus declarou: 'Afirmo que esta viúva pobre colocou na caixa de ofertas mais do que todos os outros. Todos deram do que lhes sobrava; mas ela, da sua pobreza, deu tudo o que possuía para viver.'"
Nesta passagem, Jesus observa as pessoas colocando dinheiro nas caixas de oferta do templo e destaca a oferta de uma viúva pobre. Jesus elogia a oferta da viúva por seu sacrifício e generosidade, mostrando que o valor da oferta não está na quantidade, mas na disposição do coração.
Mateus 6:1-4:
"Tenham cuidado de não praticar suas 'obras de justiça' diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial. Portanto, quando você der esmola, não anuncie isso com trombetas, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, a fim de serem honrados pelos outros. Eu lhes garanto que eles já receberam sua plena recompensa. Mas quando você der esmola, que a sua mão esquerda não saiba o que está fazendo a direita, de forma que você preste a sua ajuda em segredo. E seu Pai, que vê o que é feito em segredo, o recompensará."
Embora não fale especificamente sobre dízimos, Jesus ensina sobre a importância da sinceridade nas ofertas. Esses ensinamentos mostram que, para Jesus, a atitude do coração ao dar é mais importante do que a quantidade ou a ostentação das ofertas. Ele enfatiza a justiça, a misericórdia, a fidelidade e a sinceridade nas ações de generosidade.
A HISTÓRIA DOS DÍZIMOS E OFERTAS
A reflexão sobre o dízimo remete a uma análise profunda sobre a relação entre o cristão e o dinheiro, abordando temas de espiritualidade e gestão financeira. A Bíblia oferece diferentes perspectivas sobre as contribuições financeiras na Antiga e na Nova Aliança, revelando uma evolução no entendimento e na prática dessas contribuições.
DÍZIMO NA ANTIGA ALIANÇA
Obrigação Legal:
Na Antiga Aliança, o dízimo era uma obrigação legal estabelecida pela Lei de Moisés. Os israelitas deviam dar 10% de suas colheitas, gado e outros produtos para sustentar o templo, os levitas e os necessitados. Esse ato era visto como um dever religioso com promessas de bênçãos materiais em troca da obediência (Malaquias 3:10).
Institucionalização:
O dízimo era uma prática institucionalizada, rigidamente regulamentada, e a frequência da entrega era definida anualmente, com um dízimo especial a cada três anos. Levíticos, Números e Deuteronômio detalham as regras e a aplicação dos dízimos, reforçando a ideia de uma obrigação formal para sustentar a estrutura religiosa da época.
CONTRIBUIÇÃO NA NOVA ALIANÇA
Atitude do Coração:
Com a Nova Aliança em Cristo, a perspectiva sobre as contribuições financeiras mudou significativamente. Em vez de uma obrigação legal, a contribuição passou a ser vista como um ato voluntário de Gratidão, motivado pela Alegria da Graça gerada no coração. Não há um percentual fixo imposto, e a ênfase está na atitude do coração ao dar, conforme exemplificado em 2 Coríntios 9:7: "Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria."
Espiritualidade e Amor:
A doação na Nova Aliança é antes de tudo um ato espiritual, uma manifestação tangível de amor, justiça e misericórdia. A gestão dos recursos é pessoal, não mais restrita a uma classe sacerdotal, e Cristo não estipula um percentual para as contribuições. A finalidade principal das doações é ajudar os necessitados e sustentar a pregação do Evangelho.
Exemplo de Ananias e Safira:
A história de Ananias e Safira em Atos 5 ilustra a importância da sinceridade e das motivações ao dar. Eles foram punidos não por causa do valor dado, mas pela falta de honestidade e integridade ao mentirem ao Espírito Santo sobre a oferta. Isso ressalta que a verdadeira doação deve ser guiada pela generosidade do coração e pelo bom senso, não por uma obrigação legalista.
PRÁTICA CRISTÃ ATUAL
Liberdade e Responsabilidade:
No contexto atual, a prática de dar deve ser baseada na gratidão e na alegria da graça recebida. O dízimo, como um percentual fixo, não é uma obrigação legalista na Nova Aliança, mas um ato voluntário de adoração e reconhecimento do senhorio de Cristo sobre todas as áreas da vida, inclusive as financeiras. A verdadeira doação é aquela que vem do coração, espontânea e sincera, e deve ser direcionada para causas justas e necessidades reais, conforme Tiago 1:27: "A religião pura e verdadeira aos olhos de Deus, o Pai, é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo."
Recursos e Generosidade:
Além do dinheiro, os cristãos são chamados a doar seu tempo, esforços, talentos e amor, compartilhando tudo o que têm de melhor com os mais necessitados. A verdadeira contribuição vai além dos recursos materiais, abrangendo a totalidade da vida em serviço ao próximo e à obra de Deus.
Conclusão
A prática do dízimo e das ofertas na vida cristã deve ser motivada pela fé, gratidão e amor, e não por uma obrigação legal. Deus ama a quem dá com alegria e deseja que as contribuições sejam feitas de forma espontânea e sincera, refletindo a generosidade e a justiça do Reino de Deus. A gestão financeira, portanto, é uma expressão de espiritualidade, onde o dinheiro é visto apenas como um recurso a ser usado para o bem-estar dos outros e a glória de Deus.