O Culto Racional
No Novo Testamento, não encontramos instruções específicas sobre uma liturgia formal ou um “roteiro” ritualístico para os cultos como vemos em algumas tradições religiosas atuais. A prática litúrgica desenvolvida nas igrejas ao longo do tempo se baseia mais em tradições e influências culturais e históricas do que em mandamentos bíblicos diretos.
O Culto Racional é um culto guiado pela mente, pela razão e pela compreensão, indo além de uma simples prática mecânica, litúrgica, ritualística, imitação repetitiva. É uma adoração que faz sentido, que é consciente e proposital.
Em contraste com o uso de substâncias que alteravam o estado da mente era comum em cultos pagãos da antiguidade, onde ervas alucinógenas (drogas), excesso de bebidas fermentadas (álcool) e práticas de danças frenéticas eram utilizadas para induzir estados alterados de consciência e facilitar a conexão com "entidades espirituais". Cultos como os de Apolo e Dionísio empregavam essas práticas em oráculos e rituais de fertilidade. Os cultos pagãos antigos frequentemente incluíam práticas questionáveis como sexo ritual, sacrifício humano, autoflagelação, invocação de mortos, feitiçaria, uso de ídolos e adivinhações. Por exemplo, cultos como o de Ishtar e Afrodite praticavam prostituição sagrada, enquanto a adoração a Moloque envolvia sacrifícios humanos. Autoflagelação era comum em cultos a Baal e Dionísio, e a necromancia era praticada para invocar espíritos dos mortos, como no culto a Hécate. Além disso, a feitiçaria, a veneração de ídolos, e a consulta a oráculos eram aspectos centrais desses cultos, contrastando com a adoração cristã, que enfatiza um culto racional e consciente, baseado na clareza mental e na transformação interna pela fé, conforme descrito em Romanos 12.
Ao dizer "culto racional" (logikēn latreian), Paulo está enfatizando um culto que é consciente, deliberado e centrado na devoção autêntica e inteligente a Deus. Esse tipo de culto envolve a mente e o coração e está longe de um ritual mecânico ou apenas emocional. E deve estar amparado em consonância com toda sua vida diária, nas suas escolhas, no seu comportamento e na prioridade a Deus de como vc dedica seu tempo.
Quantas horas do seu dia é dedicada à Deus?
O que você tem de mais valioso para oferecer a Deus? Seu tempo. Em vez de um sacrifício físico (como animais oferecidos no Antigo Testamento), o culto racional envolve o oferecimento de si mesmo vivo, de maneira completa a Deus, em todas as ações e pensamentos.
No Antigo Testamento, o culto era centrado em sacrifícios de animais, orações e cânticos no Tabernáculo e, posteriormente, no templo de Jerusalém. Somente um grupo seleto de sacerdotes podia se aproximar da presença de Deus, e as ofertas, incluindo os dízimos de 10%, eram uma parte importante do sistema sacrificial e da adoração. Deus habitava no Santo dos Santos.
Na Nova Aliança, o culto se concentra na gratidão pelo sacrifício definitivo do Cordeiro perfeito, orações, estudo das Escrituras e cânticos na nova habitação de Deus, que é nosso próprio corpo. Todos os crentes são considerados sacerdotes reais, e a oferta é voluntária, refletindo uma disposição total de servir a Deus em todas as áreas de nossas vidas. Deus habita em nós.
O culto não é mais um momento e nem restrito a um grupo de sacerdotes, agora são todos os momentos e cada um de nós, é uma vida inteira de cultuação a Deus. A adoração, a gratidão, o louvor, o serviço, a submissão, a prostração, o sacrifício, a reverência, a consagração, a oferta, a doação, a entrega de si, a alegria, o amor são uma manifestação natural produzida no ser de quem conhece a Deus. E Deus se faz conhecido pela fé em sua revelação máxima: Cristo. Que se fez conhecido pelos seus escritos dos apóstolos e nas escrituras judaicas. E abriu o caminho para todos nós sermos Sacerdotes reais, consagrando nossas próprias vidas a Deus.
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