Qual é a dificuldade de saber qual realmente é a vontade de Deus?
Creio que se esforçar continuamente em descobrir a vontade de Deus para pô-la em prática, já é a vontade de Deus.
Algumas das vontades de Deus já estão reveladas por Cristo e nas Escrituras e nos ensinos dos Apóstolos.
Mas outras vontades de Deus só serão reveladas em um relacionamento íntimo de obediência e santificação.
E ainda assim corremos o risco de não compreender a vontade de Deus, ou distorcê-la, mesmo com boa intenções, ou por incompetência da nossa limitação humana.
Jesus mesmo, orando ao Pai, sugere não ter conhecimento de todos os detalhes do Plano do Pai, naquele momento em sua forma humana.
Dessa forma, constatamos que haverão coisas que não nos serão reveladas nessa vida e que também corremos o risco de acreditar que uma coisa é a vontade de Deus mesmo não sendo.
Pedro acreditava está fazendo o bem ao impedir a crucificação de Jesus. E de certa forma ele estava (pois defendia seu Mestre de uma injustiça dos homens), mas isso não estava dentro dos Propósitos da Missão global de Deus.
1. A Vontade Revelada de Deus nas Escrituras
A Bíblia é o ponto de partida mais seguro para conhecer a vontade de Deus, pois nela encontramos orientações e mandamentos claros que expressam o que Ele espera de nós. As palavras de Cristo e os ensinamentos dos apóstolos definem o alicerce da vontade de Deus para nossas vidas, especialmente nos aspectos morais e espirituais. Isso inclui os grandes mandamentos, como amar a Deus e ao próximo, que resumem a essência da lei e dos profetas (Mateus 22:37-40).
2. Vontade de Deus Revelada Através de um Relacionamento Íntimo
Além da vontade de Deus expressa nas Escrituras, há aspectos mais específicos de Sua vontade que podem ser revelados através de um relacionamento íntimo com Ele, marcado por obediência e santificação. Em João 14:21, Jesus promete que aqueles que guardam Seus mandamentos serão amados por Ele e pelo Pai, e que Ele Se revelará a eles. Esse relacionamento pessoal é onde Deus pode revelar Seus planos específicos, guiar nossas decisões e moldar nosso caráter.
3. Nossa Limitação e Risco de Interpretação
Mesmo buscando a Deus de coração, estamos sujeitos à limitação humana. Podemos, por falta de discernimento ou experiência, interpretar mal o que Deus está nos mostrando. Paulo, por exemplo, reconhece em 1 Coríntios 13:12 que nossa compreensão é parcial: “agora, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas então, veremos face a face”. Isso mostra que a interpretação da vontade de Deus pode, sim, sofrer distorções devido à nossa natureza limitada.
4. A Experiência de Jesus e o Conhecimento da Vontade do Pai
Jesus sempre esteve em plena sintonia com a vontade do Pai, mas é verdade que, na Sua humanidade, Ele expressou uma limitação quanto ao conhecimento do “dia e da hora” da Sua volta (Mateus 24:36). No entanto, isso não implica que Ele desconhecia o propósito da Sua missão. Na oração do Getsêmani (Mateus 26:39), Ele mostra Seu desejo humano de evitar o sofrimento, mas ainda assim Se submete à vontade do Pai. Essa submissão é um exemplo perfeito para nós: buscar discernir a vontade de Deus e nos render a ela, mesmo que não a compreendamos totalmente.
5. O Exemplo de Pedro e Nossas Boas Intenções
A tentativa de Pedro de proteger Jesus da crucificação foi bem-intencionada, mas contrária ao plano redentor de Deus (Mateus 16:22-23). Pedro agiu com base em seu amor e desejo de proteger Jesus, mas não compreendia o propósito maior. Esse exemplo mostra como nossas boas intenções podem nos desviar da verdadeira vontade de Deus quando não estamos espiritualmente sensíveis ao que Ele quer realizar.
Conclusão
Buscar a vontade de Deus é um esforço contínuo, que envolve:
- Estudo das Escrituras: para entender os princípios e mandamentos claros que refletem Seu caráter e propósito.
- Obediência e santificação: que aprofundam nosso relacionamento com Ele e nos capacitam a ouvir Sua voz. "Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele." (João 14:21)
- Dependência do Espírito Santo: para nos dar discernimento e sabedoria, reconhecendo nossas limitações.
Essa busca é, em si mesma, agradável a Deus, pois revela nosso desejo de honrá-Lo acima de nossos interesses. Ainda que nunca possamos compreender completamente, a entrega constante à vontade de Deus, como Cristo nos ensinou, é o caminho seguro para uma vida que O glorifique.