O Mecanismo da Fé
Pq Deus escolheu a fé como mecanismo para conhecê-lo ao invés de se revelar à todos de maneira inequívoca e inegável?
O voto de fé no que é desconhecido intelectualmente, mas que pode ser conhecido relacionalmente é que confere a fé o caráter não coercitivo. Uma vez que, se Deus se manifestasse plenamente de maneira clara e inequívoca seria uma constatação aterrorizantemente e inegável. Então essa falta de informações públicas e visíveis ao mesmo tempo que dá base à desconfiança é oq também confere liberdade para a busca sincera e genuína do coração.
OU SEJA
O caráter não coercitivo do mecanismo da fé se manifesta na medida em que ela exige um "voto de confiança voluntário" no que é desconhecido cientificamente, no que é invisível, mas que pode ser experimentado relacionalmente. Se Deus Se revelasse de maneira inequívoca e inegável, a fé deixaria de ser uma escolha livre, pois seria uma constatação esmagadora e obrigatória, quase como uma imposição. Essa "falta" de uma manifestação absoluta, ao mesmo tempo que pode gerar desconfiança ou dúvida, também abre espaço para a liberdade de uma busca sincera. É oq confere a isonomia da "Aposta Espiritual" da história de Jó.
A fé, então, não é forçada, mas um ato voluntário de confiança e entrega, permitindo uma busca genuína do coração e um relacionamento pessoal com Deus.
Conclui-se que o próprio Deus providenciou e ausência de evidências irrefutáveis sobre Ele. Se Deus Se revelasse claramente, Ele destruiria a possibilidade de uma resposta livre.
Se Jesus se revelasse de maneira pública e política com grande poder e seus milhares de anjos (como muitos esperavam) poderia eliminar a dimensão de fé e escolha pessoal, transformando essa relação em algo forçado ou meramente externo, o que não cumpriria o propósito de Deus de resgatar o coração humano e renovar o indivíduo de dentro para fora.
Se Deus Se revelasse de forma total, a fé seria eliminada, e a relação com Ele se tornaria algo automático e impessoal.
A fé, portanto, é um compromisso que o indivíduo assume voluntariamente diante da incerteza parcial, e essa liberdade é essencial para um relacionamento genuíno com Deus.
A fé é também necessária porque o conhecimento de Deus transcende a limitação do entendimento humano. Para ele, embora possamos usar a razão para deduzir certas verdades sobre Deus, há muitos aspectos de Sua natureza e planos que estão além do alcance da razão. A Trindade, por exemplo. A fé, então, é o caminho que nos permite aceitar o que não podemos entender plenamente.
Essa dinâmica entre fé e razão enriquece nosso relacionamento com Deus, permitindo que a busca espiritual seja uma jornada pessoal, onde a liberdade e a sinceridade são fundamentais.
A história de Jó
A história de Jó demonstra como a fé é um caminho de liberdade e confiança em Deus, mesmo sem explicações claras. Deus permite que Jó seja testado por Satanás sem Se revelar de forma inequívoca, preservando a liberdade de Jó para escolher continuar crendo ou abandonar sua fé. Apesar de seu sofrimento e da falta de respostas, Jó mantém sua integridade e confiança em Deus. E após muita provação e perserverança na fé, Deus se manifesta à Jó, e mesmo não trazendo explicações específicas dos motivos pelos quais ele passou por aquilo, Deus traz uma revelação de Sua grandeza, reforçando que a fé de Jó foi uma escolha autêntica, baseada em confiança, não em evidências ou recompensas.
Satanás sai perdedor na "aposta espiritual" sobre Jó porque seu objetivo era provar que a fé de Jó era interesseira e condicional (semelhante à ele mesmo), baseada apenas nas bênçãos que ele recebia de Deus. Satanás acreditava que, ao perder tudo: bens, família, saúde... Jó inevitavelmente abandonaria sua fé e amaldiçoaria a Deus. No entanto, mesmo passando por um sofrimento intenso e questionando profundamente o porquê de seu sofrimento, Jó nunca negou a Deus nem amaldiçoou Seu nome.
O fracasso de Satanás reside no fato de que, ao longo das provações, Jó escolhe continuar confiando em Deus, mesmo sem entender plenamente o motivo de suas dores e sem receber respostas diretas de Deus durante a maior parte de sua jornada. A liberdade que Jó teve para desistir ou continuar crendo reforça o caráter genuíno de sua fé, mostrando que ela não dependia de bens materiais ou recompensas, mas de um relacionamento verdadeiro com Deus.
Ao final, quando Deus finalmente Se revela, Ele não explica o motivo por trás das ações de Satanás, mas exalta a grandeza de Sua própria sabedoria, confirmando que Jó tinha razão em confiar n'Ele. Satanás, por outro lado, é humilhado, pois sua tentativa de provar que a fé humana depende de circunstâncias falhou. Jó permanece fiel, e Satanás perde porque sua acusação de que a fé de Jó era superficial e egoísta foi provada falsa.
A jornada da fé é um processo de crescimento e transformação, onde aprendemos a confiar em Deus mesmo quando não temos todas as respostas. A promessa de um futuro onde conheceremos a Deus plenamente nos encoraja a manter a fé hoje. Quando olharmos para trás, veremos como, em cada dificuldade, Deus estava moldando nossas vidas e nos preparando para um relacionamento eterno com Ele, onde não haverá mais necessidade de fé, mas onde estaremos na presença de Aquele que nos conhece e nos ama.
-
A Imperfeição da Compreensão Humana: Atualmente, nossa visão de Deus e de Sua obra no mundo é limitada, como olhar através de um espelho embaçado. As dificuldades que enfrentamos podem criar uma nuvem de confusão e dúvida, mas é precisamente nesse contexto que Deus nos chama a confiar n'Ele. Essa confiança, mesmo quando não entendemos, é o que nos une a Ele e é a base de nossa fé.
-
A Transformação Final: No dia da revelação, a névoa que obscurece nossa visão será removida, e tudo o que não conseguimos compreender se tornará claro. O que hoje parece ser um enigma terá uma solução, e perceberemos que cada lágrima, cada oração não respondida, cada momento de desespero tinha um lugar no grande plano de Deus.
A Revelação Completa
-
O Conhecimento Pleno: Na consumação dos tempos, quando Cristo retornar, não só teremos uma compreensão completa de Deus, mas também entenderemos a nós mesmos de uma maneira que nunca experimentamos. Tudo o que antes parecia nebuloso ou sem sentido será revelado em sua totalidade. A verdade de Deus, Sua justiça e Seu amor serão vistas claramente, e não haverá mais espaço para dúvida ou incerteza.
-
A Superação da Fé: Nesse dia glorioso, a fé, que hoje é um meio pelo qual nos conectamos a Deus, não será mais necessária. Veremos a Deus face a face, e essa experiência substituirá a necessidade de crer sem ver. A fé será cumprida na visão. Como está escrito em Hebreus 11:1, a fé é a certeza das coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não veem. Quando estivermos na presença de Deus, nossa expectativa se tornará realidade.
-
O Consolador de Nossas Lutas: No final, ao refletirmos sobre as dificuldades e as provações que enfrentamos, entenderemos que cada momento de dor e cada teste de fé serviram a um propósito divino. Assim como Jó, que questionou e buscou respostas, também encontraremos um significado profundo em nossos sofrimentos, que agora podemos não entender, mas que Deus usou para moldar nosso caráter e fortalecer nossa fé.
|