Kamaleao Gospel
Vício Eterno
Jesus Cristo é o Bom Pastor do Salmo 23
O Salmo 23 foi escrito por Davi, que é o autor da maioria dos salmos da Bíblia. Davi foi o segundo rei de Israel, conhecido por sua profunda fé em Deus e por seus dons musicais e poéticos. Este salmo provavelmente foi composto durante o reinado de Davi (aproximadamente 1000 a.C.), em uma época em que ele já havia experimentado muitas lutas, tanto físicas quanto espirituais, incluindo sua fuga de Saul, guerras e outros desafios de liderança.
A Metáfora do Bom Pastor
Davi, como pastor de ovelhas antes de se tornar rei, usou sua experiência prática na vida de pastoreio de animais para criar uma metáfora profunda e poética sobre Deus como o "bom pastor", alguém que cuida e protege Seu rebanho. A vida de Davi foi marcada por diversas batalhas, adversidades e também momentos de paz. O Salmo 23 expressa sua dependência total de Deus para orientação, proteção e sustento, e essa metáfora com elementos de pastoreio passava a mensagem de forma que fazia muito sentido naquela época do sociedade israelita. Um tempo de incertezas, guerras e crises políticas. A necessidade de confiança em Deus durante tempos de tribulação, solidão e, até mesmo, perigo de morte.
Quando e Onde foi escrito
Davi provavelmente escreveu este salmo em Israel, durante o seu reinado (1003-970 a.C.) pois o acesso à material de escrita é bem mais fácil pra um rei do que pra um pastor. Possivelmente em momentos de reflexão lembrando de quando pastoreava o rebanho em sua juventude e suas campanhas militares. O salmo expressa uma intimidade com Deus que poderia ter sido alimentada em momentos de solitude no deserto ou nas montanhas enquanto cuidava das ovelhas.
Texto Original em Hebraico
Transliterado e Tradução Literal
Adonai ro’i, lo eḥsar
"O Senhor é meu pastor, não faltarei."
Bin'ot deshe yarbitzeni, al-mei menuchot yenahaleni
"Em pastos de erva fresca me faz repousar; junto às águas tranquilas me conduz."
Nafshi yeshovev, yancheini b’ma’aglei-tzedek le’ma’an shmo
"Minha alma restaura; me guia nas veredas da justiça por causa do Seu nome."
Gam ki-elech b'gei tzalmavet, lo ira ra, ki-atah imadi; shivtekha u’mishantekha hemah yenaḥamuni
"Ainda que eu caminhe pelo vale da sombra da morte, não temerei mal algum, pois Tu estás comigo; teu cajado e tua vara me confortam."
Ta’arokh lefanai shulchan neged tzor’rai; dishanta vashemen roshi, kosi revayah
"Preparas uma mesa diante de mim na presença dos meus inimigos; ungiste com óleo minha cabeça, meu cálice transborda."
Akh tov vaḥesed yird’funi kol y’mei chayai, v’shavti b’veit Adonai l’orekh yamim
"Certamente bondade e misericórdia me seguirão todos os dias da minha vida, e habitarei na casa do Senhor por longos dias."
Conceitos e Ideias da Época
Pastor e Ovelha: Na antiga Israel, o pastoreio era uma ocupação fundamental para a economia daquela sociedade rudimentar e rural. Os pastores tinham a responsabilidade de guiar, proteger e prover tudo para o rebanho. Davi usou essa metáfora porque era bem compreendida pelo povo. O pastor cuidava ativamente de suas ovelhas, que eram vulneráveis e totalmente dependentes de seu líder para proteção contra à predadores, pra encontrar pasto, água, proteger dos acidentes geográficos e até de doenças causadas por insetos.
Pastos Verdejantes e Águas Tranquilas: Israel é uma terra que pode ser árida, especialmente no deserto. Essas imagens de abundância e descanso representavam paz e provisão em meio às dificuldades. O uso dessas imagens comunica a confiança em Deus para prover mesmo em situações que parecem sem solução.
Vale da Sombra da Morte: Esta expressão descreve um lugar perigoso ou de profundo sofrimento. Naquele tempo, vales e desfiladeiros eram frequentemente locais de perigo real, onde inimigos e animais selvagens podiam atacar. Davi descreve a confiança de que Deus o guiaria através desses perigos. Era comum pastores e viajantes passarem por esses vales, especialmente em áreas montanhosas como as que Davi conhecia. Jericó, por exemplo, era cercada por terrenos montanhosos, e o "caminho de Jericó" citado por Jesus em na parábola do Bom Samaritano é um exemplo de rota perigosa.
Cajado e Vara: A vara era usada para proteger as ovelhas de predadores, enquanto o cajado era um instrumento de orientação. Assim, essas ferramentas do pastor simbolizam tanto proteção quanto orientação divina. Guiar o rebanho: O pastor direcionava as ovelhas, tocando-as suavemente com o cajado para manter o rebanho unido e evitar que elas se afastassem ou caíssem em perigos. Resgatar ovelhas: O cajado tinha uma ponta curva, o que permitia puxar uma ovelha que caía em um buraco ou estava presa. Manter a ordem: Ele usava o cajado para disciplinar e controlar as ovelhas quando necessário.
Mesa na Presença dos Inimigos: Na cultura do Antigo Oriente Médio, partilhar uma refeição era um ato de paz e segurança. Preparar uma mesa diante dos inimigos indica vitória e honra, pois Deus é o anfitrião que garante a paz e a provisão mesmo em circunstâncias adversas. Em Gênesis 21:27, Abraão faz um pacto com Abimeleque e sela a paz com uma refeição.
Ungir com óleo: Na cultura antiga, o ato de ungir com óleo simbolizava alegria, cura e consagração. No entanto, antes de assumir esse significado simbólico, havia uma prática comum e prática, ainda utilizada em algumas regiões, que consistia em aplicar óleo na cabeça das ovelhas como repelente para moscas e outros insetos. Moscas-de-chifre e moscas-da-cara, por exemplo, podiam depositar seus ovos nas narinas ou ouvidos das ovelhas. Quando os ovos eclodiam, as larvas causavam infecções dolorosas que, se não tratadas, podiam levar à morte. O sofrimento era tão intenso que as ovelhas, em desespero, batiam a cabeça contra rochas, podendo se ferir gravemente ou até se matar. Para evitar esse problema, os pastores aplicavam óleo na cabeça e no focinho das ovelhas, criando uma barreira contra os insetos. O óleo utilizado muitas vezes era uma mistura de azeite com ervas e outros ingredientes naturais que ajudavam a afastar as moscas. Essa prática demonstra a sabedoria dos pastores da época no cuidado e proteção de seus rebanhos.
Meu cálice transborda: No Oriente Médio antigo, um anfitrião generoso enchia o cálice de seu convidado até transbordar como um sinal de hospitalidade, favor e honra. Assim, Davi passa a idéia de Deus como seu anfitrião, tratando-o com honra e derramando sobre ele bênçãos em super-abundância e generosidade.
Bondade e Misericórdia: No pensamento hebraico, esses dois conceitos ("tov" e "chesed") são qualidades fundamentais do relacionamento de Deus com o seu povo, expressando o cuidado fiel e amoroso de Deus.
Jesus é o Bom Pastor
João 10:11: "Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a sua vida pelas ovelhas."
Jesus se declara o Bom Pastor em João 10, refletindo a imagem de Deus como o Pastor no Salmo 23. Assim como o Salmo 23 descreve Deus cuidando, guiando, protegendo e abençoando Suas ovelhas, Jesus, como o Bom Pastor, faz o mesmo ao dar Sua vida por Seus seguidores, guiá-los, protegê-los e oferecer-lhes abundância e vida eterna. A metáfora do Bom Pastor de Jesus é uma realização das promessas e do cuidado descritos no Salmo 23.
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